quarta-feira, 8 de junho de 2011

Eu amo...

A minha concepção de amor mudou. O modo como vejo as pessoas tambem. E se eu disser que em cada ser vivo consigo sentir algo de especial e unico mesmo que não goste da pessoa pelo que ela transmite? Será que me faço passar por louca por não entenderem a dimensão da minha lucidez?

Hoje, eu compreendo de mim que não preciso de perder fatalmente uma pessoa para saber que valor ela tem para mim e a falta que ela me faz na qualidade de ser vivo. Aprendi que naturalmente esse valor tem de ser atribuído à pessoa enquanto vive connosco neste mundo, no fim de morrer de nada valerá demonstrar afectos, recordações ou saudades que anteriormente não aconteceram pois ela já não estará receptiva a tal.

Eu zango-me, magoo-me, fico triste ou desiludida com as pessoas, no entanto continuo a saber quem são elas, a sua essência e o que valem. Ao mesmo tempo que ganho raiva por ferirem os sentimentos que nutro por elas eu perdoo-as bem no fundo do meu interior. Aprendi que devemos sempre perdoar uma parte no momento e que a passagem do tempo perdoará a outra parte, quem não perdoa não sabe amar no seu mais puro conceito. Ainda desejo ter a capacidade de perdoar muito mais em primeira instancia. O perdão acontece porque o nosso peito anseia de compaixão e deseja o restabelecimento do bem, da harmonia, perdoar significa abrir a nossa alma à paz e à de quem errou para enfim o equilibrio poder fluir.

E porque é que hoje escrevo isto para à posteriori ser alvo de chacota nas minhas próprias costas? Porque a minha necessidade de escrever é realmente muito superior à importancia que dou ao que pensam de mim, a escrita sempre foi o meu veículo de comunicação de eleição. Lembro-me que na escola primária adquiri o hábito de escrever cartas quando queria conversar com alguem. E fazia-o porque achava muito cansativo ter que expressar oralmente tudo o que gostaria de dizer e numa carta o receptor poderia ler tudo até ao fim sem me interromper e só após pensar me dar uma resposta. Hoje esforço-me por ser um pouco comunicativa uma vez que tenho a noção que para co-habitar em sociedade as pessoas entendem-se a diálogar e nao posso passar o resto da vida a escrever cartas, para este mundo é no minimo ridiculo.

E hoje eu escrevo porque senti o verdadeiro efeito do amor, o amor entre um homem e uma mulher, em mim. Tive a certeza daquilo que já tinha compreendido: eu amo-te porque cada vitória tua, cada boa ação, cada alegria espontânea do dia-a-dia me arranca naturalmente um sorriso (mesmo que não mostre os dentes); acende-se um pouco mais de luz em mim e desejo muito que estejas sempre assim. A tua felicidade torna-se na minha. A cada derrota tua, azar ou infelicidade dá-se um nó na minha garganta, revolto-me, quero poder chorar de modo a tirar-te a dor, não aceito os acontecimentos como se me tivessem acontecido directamente. A tua infelicidade tambem condiciona parte da minha.
Espero nunca, mas mesmo nunca te perder. A minha existência não faz sentido se a tua não ma complementar. No entanto, no dia em que disseres que só és feliz sem mim, deixar-te-ei partir... Porque acima de tudo será a tua felicidade que me dará sempre um pouco mais de luz e vitalidade, amo-te tanto que serei capaz de suportar a dor e o vazio da tua ausência da minha vida só para sentir que estás bem. Gostava que me prometesses que não deixarás a Vida antes de mim, ou que pelo menos não induzas o acontecimento... Porque uma coisa é suportar a tua ausência sabendo que existes, que em algum lado estás a viver, a ser tu e a seres feliz; Outra coisa é não aguentar a solidão por te perder para sempre e já não te encontrares neste mundo, e a minha existência perder parte do seu estimulante. Não sei como isto aconteceu mas só sei que tu farás sempre parte de mim.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Eu nunca guardei rebanhos

Um dos poemas de excelência de Fernando Pessoa (Alberto Caeiro no caso) que eu mais aprecio, onde me identifico, que melhor me faz sentir cada vez que me meto a consumir cada palavra dele. É sem duvida uma fonte de inspiração*



Eu nunca guardei rebanhos, 
Mas é como se os guardasse. 
Minha alma é como um pastor, 
Conhece o vento e o sol 
E anda pela mão das Estações  
A seguir e a olhar. 
Toda a paz da Natureza sem gente  
Vem sentar-se a meu lado. 
Mas eu fico triste como um pôr de sol  
Para a nossa imaginação, 
Quando esfria no fundo da planície  
E se sente a noite entrada 
Como uma borboleta pela janela. 


Mas a minha tristeza é sossego 
Porque é natural e justa 
E é o que deve estar na alma 
Quando já pensa que existe 
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso. 


Como um ruído de chocalhos 
Para além da curva da estrada, 
Os meus pensamentos são contentes. 
Só tenho pena de saber que eles são contentes, 
Porque, se o não soubesse, 
Em vez de serem contentes e tristes,  
Seriam alegres e contentes. 


Pensar incomoda como andar à chuva 
Quando o vento cresce e parece que chove mais.             


Não tenho ambições nem desejos  
Ser poeta não é uma ambição minha  
É a minha maneira de estar sozinho. 


E se desejo às vezes 
Por imaginar, ser cordeirinho  
(Ou ser o rebanho todo 
Para andar espalhado por toda a encosta 
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo), 



 
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol, 
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz 
E corre um silêncio pela erva fora. 


Quando me sento a escrever versos 
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos, 
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento, 
Sinto um cajado nas mãos 


E vejo um recorte de mim 
No cimo dum outeiro, 
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas idéias, 
Ou olhando para as minhas idéias e vendo o meu rebanho, 
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz 
E quer fingir que compreende. 


Saúdo todos os que me lerem, 
Tirando-lhes o chapéu largo 
Quando me vêem à minha porta 
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro. 
Saúdo-os e desejo-lhes sol, 
E chuva, quando a chuva é precisa, 
E que as suas casas tenham 
Ao pé duma janela aberta 
Uma cadeira predileta 
Onde se sentem, lendo os meus versos. 
E ao lerem os meus versos pensem 
Que sou qualquer cousa natural - 
Por exemplo, a árvore antiga 
À sombra da qual quando crianças 
Se sentavam com um baque, cansados de brincar, 
E limpavam o suor da testa quente 
Com a manga do bibe riscado.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Individualista de colectivismo

Há momentos em que me sinto bastante inutil perante as necessidades dos outros. Tenho uma tendência em forma de ímpeto por querer sempre ajudar, tudo pelo bem, tudo para ver as pessoas felizes e em consequência tambem eu fico contente, realizada. Penso que a certa altura se começam a aproveitar desta "boa vontade" e quase me metem como prestadora de serviços (contexto de decência). Não suporto quando começam a abusar, fico cansada. Quando partem para essa via eu simplesmente me desloco, digo que não posso ajudar nessa situação, que não tenho tempo, que a resposta está dentro delas. E não digo nenhuma mentira, no entanto fico sempre com um pequeno remorso juntamente com o pensamento: "Bem...Eu podia fazer alguma coisa, tinha até algumas palavras para lhe dizer... Mas não posso! Tem de aprender por si" . De facto nisto sou uma pura contradição: à minha grande necessidade de ser util e ajudar quem precisa opõe-se um individualismo e orgulho da minha parte que recusam qualquer tipo de ajuda, opiniões, conselhos, etc. Simplesmente não os aceito, porque preciso de pensar por mim, reflectir para mim e decidir para comigo. Ouvir os outros simplesmente me pára o raciocinio, (e acho que se parar de pensar deixo de me sentir viva) já que nao o estou a usar mas sim a escutar o de outrém. Não seria de todo capaz seguir um ponto de vista dado por alguem e com que eu não concordasse. Orgulho(samente) afirmo que sou eu quem sabe o que é bom ou mau para mim, ninguem me conhece tão bem como eu mesma, e acho importante que assim seja, o auto-conhecimento e a imagem que construímos de nós reflecte-se para o exterior.




Eis uma "wishlist" que eu gosto bastante :)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Insomnya

É como se ao pôr-do-sol despertasse um novo ser dentro de mim que tem vontade própria e deseja viver, obrigando-me a permanecer acordada durante a noite. Só pergunto porquê, porque é que não tenho paz interior?




Uma metáfora perfeita de como me sinto.

domingo, 1 de maio de 2011

Calendário Social

Portanto hoje foi o "Dia da Mãe". Para mim foi um dia rigorosamente igual aos outros, não lhe dei a minima relevância e a minha mãe fez o mesmo. Que tem este dia de importante para a minha mãe? Ela deitou-me ao mundo a 17 de Março e não a 1 de Maio, portanto o dia dela é o dia em que nasci, em que ela se tornou mãe. Pessoalmente não gosto de viver estas datas, é como se as pessoas vivessem à espera destes dias para se manifestarem, para valorizarem o que têm e no resto do ano andam demasiado ocupadas e desinteressadas para se recordarem de tais "pormenores". É como no "Dia dos Namorados", quem não tem uma relação parece querer arranjar uma às três pancadas só para não estar sozinha nesse dia, só para ser socialmente normal. Pois eu digo que passo bem sem essas datas, ainda tenho mãe mas não preciso de uma data do calendário social para valorizar a sua presença na minha vida, há 20 anos durante 24h por dia e 365 dias por ano que sei o que é ter mãe, a falta que me faz e o que seria de mim se ela já cá não estivesse.




sexta-feira, 29 de abril de 2011

Sem palavras. O video fala por si.

confesso que me escapou uma lágrima, com um aperto no peito :'|


terça-feira, 26 de abril de 2011

Amanhecer

Sinto que estou numa nova fase, que espero eu que se prolongue: estou mais positiva, mais forte, mais receptiva, com mais garra e uma vontade sem limites de viver, de me divertir, de aproveitar cada pedacinho da minha vida. O que induziu esta mudança? Nada, tudo está igual desde há 3 semanas atrás, a diferença para hoje é que embora ainda não tenha um caminho definido para prosseguir já não me sinto perdida porque sei que tudo surgirá a seu devido tempo e eu tenho de aguardar o meu. A impaciência tem me desgasto e a exigência ao Mundo daquilo que não tem para me dar corroído. Embora me sinta melhor, emocionalmente perdi anos de vida. Sinto a cabeça pesada, tenho momentos de raciocínio completamente nulo, capacidade de concentração pior do que nunca. Mas tambem sinto um buraco de vazio enorme a querer fechar. Metaforicamente estou como uma flor a desabrochar ao amanhecer: aos primeiros raios de sol sacude as lágrimas de uma noite fria e escura e abre as suas pétalas como que querendo abraçar o mundo todo e concentrá-lo bem junto de si, dando graças por um novo sol que lhe traz de novo o sentido de viver.

domingo, 17 de abril de 2011

14/03/2009

Amar em modos de diferente


O amor não tem uma explicação,
Uma razão de ser,
Nasce e morre quase sem se saber,
Logo toma uma existência! Sente-se, vive-se,
É intocável mas sempre nos toca no fundo do coração,
Corrompe a individualidade do nosso Eu,
(E cordas grossas se amarram à nossa volta)
Exige um novo complemento de uma outra essência
Desperta impensáveis pensamentos que desencadeiam desejos.

Desejo ter-te para mim,
Mas há mágoas e angústias que cegam
De um passado que pediste para esquecer,
De cicatrizes mal curadas,
Na verdade não são precisos mais passos até mim,
já me alcançaste...
As palavras já são suficientes,
Os gestos e toques são para sarar feridas,
Que facilmente se abrem...
De tal modo cega que só vejo o mal.

Ontem não sabia,
Hoje sei valorizar os manifestos,
Sentimentos e desejos
De um louco que pensa em me ter,
Não pensa ele que já me tem há tanto tempo?

Sabes como doi saber que magoamos quem amamos?
Não tenho muitas mais palavras, para além de “Desculpa”...

Sentinela de uma menina exigente
Que sempre espera ver superadas as suas expectativas,
Que num turbilhão de emoções não diz o que sente nem sente o que diz,
Revoltada com ela própria por não ter prestado atenção ao esforço dele...

Reconheço agora que nunca existiu a perfeição
e errar é humano!
Há momentos perfeitos a teu lado conforme o possível,
Diferentes de mim mas iguais à razão de ser.

Admito sem medo que te amo,
Fala-me dos teus sonhos e esperanças,
Não precisas de te enganar a ti mesmo!
Somos loucos...

Uniforme, controlado, quieto, parado:
O amor requer uma certa forma de sacrifício,
Não tomado como tal devido à força do sentimento que impulsiona a conduta de agir,
Sabes o que queres e sei o que quero.
Nunca te quis prender e amarrar com cordas, jamais quero que te sintas mal,
Desejo ver-te bem, me ver bem, nos vermos bem...
E tudo faz parte de um todo, em nome de um sentimento.


Amo-te

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Perguntas abstractas 100 respostas concretas

Hoje será um daqueles dias não. Porquê? Não sei. Provavelmente cansaço acrescido às dificuldades diversas sentidas ao longo desta semana. Sinto que quanto mais desejo fazer, menos faço ; Quanto melhor quero ser pior me torno. Porque será que não chego lá? Terão os meus sonhos uma dimensão surreal e inconcretizável? Será que existe uma medida para o sonho ser ou não concretizável? Um sonho com limites definidos não será uma realidade mascarada só para ter o pretexto de não ter pernas para andar? E se o sonho comanda a vida, o que vai a realidade comandar? Se temos que viver esta realidade porque sonhamos ter outra? Para mim há muitos conceitos que estão trocados ou sou eu que estou demasiado baralhada com tudo. De facto quando estou em dia não começo a desatinar com tudo, embora esse tudo por um lado não tenha culpa.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Grande Susto

Hoje para alem de um grande susto, de muitos nervos e medo, aprendi uma preciosa lição que é conhecida por todos mas compreendida por poucos: Mais vale perder 1 minuto na vida do que a vida num minuto.
O meu dia começou com uma boa carga de stress, tinha uma entrevista de trabalho marcada para as 11h, e devido a confusões sobre se levava o carro ou não o tempo começou a ficar escasso. Resultado, fui levar a minha mãe ao trabalho, na viagem de volta abusei do acelarador porque já faltava pouco tempo para a entrevista e ainda tinha que tomar banho, vestir e fazer mais uns km's; apanhei uma curva com o alcatrão gasto e eu nao vinha tão devagar como se pede naquele local, o carro escorregou e perdi o controle por completo; naquele momento pareceu que tudo começou a andar em camara lenta: o carro resvalou para um lado, depois para o outro, levantou as rodas esquerdas do chão e aí pensei mesmo que fosse capotar; fez algo semelhante a uns peões e fui parar ao outro lado da estrada numa valeta, numa fracção de segundo olhei para a profundida dela e pensei "Se não morrer já vou saír toda fodida daqui e o carro todo partido!". No entanto de repente o carro parou, ou melhor devo ter sido eu porque não travava sozinho, mas naquele momento nem tive noção de coisa alguma. Os piscas estavam todos ligados, as escovas do pára-brisas frenéticas, puxei o travao de mão e desliguei o carro. Não me mexi, parecia que o carro estava prestes a caír para dentro daquele buraco. Agarrei o volante com força e comecei a chorar, toda eu tremia... Olhei à volta e havia uma enorme nuvem de poeira no ar. Passou um carro, olhou mas não fez caso; passou outro, fez o mesmo, e passou mais outro que tambem ignorou. Não sabia o que fazer, chamar os bombeiros era ridiculo, liguei ao meu namorado mas não atendeu... Não tinha coragem de tentar sequer saír dali, ainda capotava mesmo para a valeta. Felizmente apareceu um senhor da fábrica em frente que viu o que aconteceu; perguntou lá ao longe se eu estava bem, ao que respondi imediatamente "Não! Pode-me ajudar por favor?", lavada em lágrimas. Fez-me sinal para esperar e veio ter comigo num carro, chegou ao pé de mim e disse para eu ter calma porque ia puxar o meu carro de novo para a estrada. Foi analisar em que parte da valeta ficou o carro e disse "Você nem sabe a sorte que teve, mais 5cm e ele tinha-se virado ao contrário e se calhar tinha-se aleijado a sério", e eu nem respondia, só sabia limpar lágrimas. Amarrou o meu carro ao dele e disse-me que quando buzinasse eu metia a marcha atrás e acelarava. Foi rápido e simples, mas eu já só queria ir para a casa. Saí do carro e agradeci-lhe, foi excelente comigo mas esqueci-me de lhe perguntar o nome no meio de toda aquela tensão. Fui para casa, sempre a chorar, senti-me incapaz, senti que a morte me andava a rondar, questionei-me porque é que aquilo teve de acontecer. Fui extremamente devagar e com muita atenção a tudo. Agora encontro-me aqui, não fui à entrevista, tenho a cabeça a rebentar e não sei se consigo dizer a verdade à minha mãe, para além de nao me voltar a emprestar o carro vai andar a ralhar 3 dias porque eu não tive cuidado... Já tinha presenciado acidentes, no entanto nunca pensei que fosse tão horrivel... Não há palavras para descrever o que se sente quando nao se tem controlo sobre o carro que estamos a conduzir, transformamo-nos em bonecos, automaticamente a nossa vida tambem fica fora de controlo e já não depende de nós, nem do carro, não depende de nada em concreto... Só mesmo da sorte.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Desejo

 
 
 
Vem...
Que te espero... nua...
Não mais ha lugar para o pudor...

Vem...que te quero, nu...
Fecha-me os olhos com teus beijos,
faz-me sonhar com teus desejos...

Faça-me mulher com teu ardor...

Vem...
Que quero agora
acariciar teu corpo levemente,
beijar-te os lábios, sofregamente...
Sugar tua seiva com minha
boca quente...

Deixar-me penetrar por teu furor...
Vem...
que sou mulher,
te quero homem,
vem...
deixa-me viver esta fantasia
de amor...


(unknown)

terça-feira, 5 de abril de 2011


Gritos, insultos, humilhações, sem duvida que doiem mais do que qualquer murro ou pontapé. As suas marcas chegam a ser profundas e quase irreversíveis ao contrário de um olho negro ou uma perna magoada que rapidamente se recompoem. É um erro tremendo exercer qualquer tipo de violência sobre alguem! Se o agressor sentisse em si as consequências que desencadeia na pessoa agredida de certo que não se atreveria. Não faz sentido descarregar as nossas raivas e frustrações nas pessoas que mais nos amam.


Se não queres que ninguem saiba, não o faças.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Home is where the heart is from.



Escrito e publicado no meu Facebook no dia 25 de Março. São factos absolutamente reais, recordações e muitas saudades da casa e do lugar onde vivi até aos meus 9 anos. (Encontrei-a no Google Maps *.*)


Estou de volta! Eu nem acredito que estou de volta. Está tudo tal e qual como ficou no dia em que fui embora. Ou...será que eu cheguei a ir a algum lado? Está tudo aqui, o fundamento, o sentido, a vida, a alegria, até o meu coração! Não poderia ir a lado algum e deixar tudo isso aqui. Todos os dias os meus olhos querem devorar esta paisagem, todo este lugar. Querem devorar cada pôr-do-sol. Nao tenho o receio nem coisa alguma de me deitar no chão de terra batida porque é natureza e eu amo-a, ficando diante da imensa matiz de cores no ceu, cor de rosa que se funde com azul, pelo meio surgem tons de roxo e ainda algumas nuvens. Como é bonito! Não oiço nada a não ser o vento que ligeiramente mexe as canas. Um pouco mais atenta oiço bem lá ao longe o sino da igreja da Praia do Ribatejo, logo a seguir do outro lado e tambem um pouco sumido oiço o comboio a passar na estação de Tancos. Respiro fundo e continuo a olhar o ceu, estou tranquila aqui, sinto uma pequena brisa a acariciar-me a cara. Ficaria aqui deitada até que a terra me comesse! Não me sentia tão em paz desde que me fui embora. Ou será que porventura fui embora?? Não creio, tudo está tão vivo e tão presente. A minha mãe está-me a chamar, certamente são horas de jantar. Tenho pena de me levantar, sentia-me tão bem. (...)
É sábado de manhã e está um belo dia de primavera, saio porta fora e olho à minha volta: Do lado direito está o quintal, e do lado esquerdo, ali em baixo, está o vale repleto de laranjeiras a pedir que lhe recolham a fruta. Sigo em frente e está a garagem, começo a correr e o terreno torna-se inclinado, cá está o canil enorme e o meu casal de pastores alemães: Jake e Jasmine. Cumprimento-os e vêm a correr para o portão e entre os buracos da vedação lambuzam-me a mão, sem problema. Contorno o canil, cá em cima está a horta, e a minha mãe está aqui com umas grandes galochas, de boné e enxada na mão. Tantas melancias pequeninas! "Que estás a fazer mãe?" - pergunto eu. "Estou a abrir carreiros para daqui a pouco passar a água para regar" - responde ela. Meto-me a pensar: "Tambem quero! Onde será que estão as minhas galochas?" , rápido esqueço a ideia porque tenho mais para ir ver. "Já aqui venho! Vou ter com o pai", "Deve estar no barracão do barco ou então na horta lá de baixo!" - diz a minha mãe. E lá vou eu a correr, subindo mais um pouco até ao barracão do barco, com um fila de pinheiros enormes por trás. Um barco que tecnicamente nunca o chegou a ser, não tem mais do que a base e o "esqueleto" de madeira, será que algum dia é terminado e vai para o rio? Vejo caixas com revistas e jornais dos anos 70 e 80 um pouco amarelecidas...e penso: "Que engraçado! Como seria viver nesta altura?". Enfim, começo a ouvir musica lá ao fundo. Desço para o outro lado, sempre a correr. Porque eu adoro correr aqui, e tenho tanto espaço que se não correr demoro mais a chegar aonde quero. Contorno umas quantas oliveiras, um coelho assustou-se e fugiu, coitadito. Chego à horta aqui de baixo e cá está o meu pai, a ouvir o rádio a pilhas, era daqui que vinha a musica! "Que estás a fazer?" - pergunto eu, "Estou a preparar-me para plantar alfaces e tomateiros com fartura! Vai ali ao vale apanhar umas laranjas para levares à tua mãe". E lá vou eu toda contente, chego ao vale e olho para cima, estranho ver a minha casa tão alta! Mas não interessa... Começo a meter as laranjas num saco, esqueço-me sempre da minha alergia ao polen na primavera e espirro, sinto comixão no braço e está a ficar vermelho, tenho que me ir embora daqui. Enchi o saco e vou-me embora, passo pelo meu pai que diz "Daqui a bocado vou beber um copo com o Moura a Tancos, queres ir de barco até ao Arripiado ou ao castelo que ele leva?" - "Hum, não me apetece!" - respondo eu. Farta de fazer essas travessias de barco estou eu e não gosto muito. Nesta altura os barcos ainda são muito convencionais, embora a motor deixam muito a desejar em termos de segurança já que se uma pessoa nao tem cuidado o barco inclina-se demasiado e vai-se ao banho, são baixinhos e sem proteção lateral.

 E...... E....... E......? Han?

Estou na cama! Que faço aqui? Não acredito que estive a sonhar tudo isto até agora. Tão real, sensações, cheiros, até as alergias eu senti como se estivesse acordada! Porque acordei? Estava tão feliz, de volta à minha casa, à minha vida simples e pura do campo de que eu tenho tantas saudades. Estou agora de ressaca, o que sinto vai muito além da saudade, sinto-me deslocada e arrancada de onde pertenço. Hoje sinto mais do que nunca uma grande necessidade de voltar tão grande quanto o arrependimento de ter ido embora. Saberia lá eu na inocência dos meus 9 anos que chegando aos 20 já só ia querer voltar, uma criança que foi tão motivada pelo desejo de mudança e por uma vida nova à espera que partiu sem olhar para trás. Pouco tempo antes houvera ali na zona um grande incendio e estivemos em risco devido à proximidade de um paiol, factor que me incentivou tambem a querer ir embora. Hoje tudo é diferente, tudo mudou desde que o meu pai abandonou este mundo, fora dele a decisão de mudar de casa.


-1998 (7 anos de idade). O vale com as laranjeiras lá atrás. Roupas velhas e descompostas com Dignidade de viver e trabalhar no campo.

terça-feira, 29 de março de 2011

alma nua - esta é a minha história II

Apesar de tudo e contra as expectativas de muita gente que tinha conhecimento da situação em que era criada, eu era uma aluna exímia... Mas apenas até certa altura. Até ao meu 8ºano era absolutamente banal ir buscar a minha pauta de avaliação e ela estar corrida a 5's, e o DT dizer "-Parabens mais uma vez, continua assim" - até esse ano entrei sempre no quadro de excelência da escola. Professores, funcionários, director da escola, admiravam-me e sempre que falavam de mim faziam-no à boca cheia, ditando setenças do que eu poderia vir a ser no futuro, de como eu era boa menina e um exemplo naquela escola em todos os sentidos. Tentava não dar muita importância ao que diziam porque sempre detestei pessoas convencidas e não queria ser uma, mas a verdade é que o meu peito inchava de orgulho, ficava mesmo muito contente por ser valorizada. Entretanto com os outros miudos da minha idade não acontecia nada disso... Apesar de pouco ou nada estudar e todos os meus conhecimentos serem assimilados de ouvido nas aulas era apelidada de "marrona". A minha aparência tambem deixava um pouco a desejar, sempre de cabelo atado e sem grande apresentação, com óculos e vestia qualquer coisa que se parecesse com roupa e nem me importava com isso. Nessa altura posso dizer que era uma pessoa extremamente simples e completamente abstraída da opinião alheia. Desde o 1º ano de escola fui constantemente gozada pelos meus colegas, só a partir do secundário é que consegui conquistar algum respeito junto das pessoas com mudança de escola e novas mentalidades existentes. Fora da escola era gozada nas aulas de música, olhavam para mim e simplesmente se riam, crianças imbecis. Nas aulas de natação no CLAC igualmente gozada pela minha aparência física... Enquanto gozavam eu preocupava-me em aprender e mostrar capacidades e fui recompensada com uma transição precoce para a turma do 2º ano e um pouco mais tarde convidada para integrar a equipa de competição, convite esse que recusei porque não queria competir e queria simplesmente praticar natação como lazer.

Um dia percebi que o problema das outras crianças em relação a mim era o facto de eu ser sempre a melhor sem me esforçar muito, e aproveitavam-se da minha aparência desleixada para me tentar inferioriar; Por estar sempre na boca dos professores no bom sentido, por eles serem penalizados por comportamentos incorrectos e eu não (não os tinha!), um mal precocemente enraízado na mente das pessoas chamado Inveja. Mas eu não tinha a culpa de ser assim. A minha ideia era ser eu mesma e aprender com gosto para tirar boas notas.
No 9º ano descambei por completo. Perdi a capacidade de concentração, deixei de prestar atenção nas aulas e de participar nelas para passar o tempo todo a fazer desenhos, quando tocava para a saída dava graças a deus e ia embora. Passava os intervalos a ouvir musica do mp3 com o volume no máximo porque era assim que me sentia bem. Como não tinha hábitos de estudo muito menos consegui aquiri-los naquela fase, e tirei a minha primeira negativa. Não pude crer no que estava a acontecer, chorei, revoltei-me contra mim mesma, barafustei e questionei "como?? como é que eu tirei uma negativa? como fui capaz?". Mais de metade da turma se riu, uma pequena vitória para eles! Só sabiam dizer "estás a ir de cavalo para burro, quem diria!", e eu ignorava. Mas bem cá no fundo a minha vontade era desistir. Se já não era a aluna que fui até ali não valia a pena andar na escola, não queria ser medíocre porque o meu lugar não era nessa "classe", não queria ser inferior porque o meu lugar sempre foi entre os melhores. Da pauta toda corrida a 5's passou a ser diversificada com notas de 3, 4 e 5. Consegui manter os 5's a Português, Inglês e Música, as minhas áreas preferidas. A minha mãe não ajudava "-Tinhas tantos 5's e agora só tens três 5's... Andas de cavalo para burro, andas com a cabeça no ar só a pensar em namoros"... Sim demasiado básico! Que culpa tinham os amores e desamores no meio de toda a tempestada que era a minha vida? Ao chegar a casa os meus pais já estavam aos gritos e às vezes pior que isso, na altura não tinha internet por isso não fazia muito no pc, ia para o quarto e ouvia o Mp3 até acabar a bateria ou então até ouvir bater a porta, sinal que o meu pai tinha saído. Mas evidentemente a minha mãe teve de achar um outro "culpado" para a minha queda. Devorava livros, chegava a ler 2 ou 3 ao mesmo tempo e estava completamente dentro do enredo de cada um. Passava horas a ler. Um dia simplesmente peguei num livro e li uma página inteira sem sequer me ter apercebido o que tinha lá escrito. Até hoje, passados 6 ou 7 anos, penso que só li 2 ou 3 livros por obrigação e cumprimento de programas lectivos. Continuo a gostar de livros, mas simplesmente não me concentro como tão bem o fazia. Com a internet vou lendo trechos aqui e acolá que me chamem à atenção, vou devorando alguns poemas de tão belos que são, quem me dera saber escrever assim, ter uma fonte de inspiração que me permitisse uma fluência muito natural de milhões de palavras da minha mente directamente para o papel.

No 10º ano fui forçada a mudar de escola porque não existir o curso e a minha vida tambem mudou. Fiz novas amizades, preservei algumas mais antigas, e sobretudo senti-me mais aceite entre aquele pessoal da minha idade. Tornei-me numa aluna mediana, (e deixei de me importar com as boas notas) médias de 13 ou 14, nada estudava e a disciplina em que me esforçava era Filosofia porque o professor não era de muitas brincadeiras (mas um dos melhores que alguma vez tive, sem duvida, tenho todo o respeito e admiração por ele). Escola nova, vida nova, passava o dia a 15km's de casa e o risco de alguem ir contar aos meus pais era minimo. Experimentei alcool, juntamente com alguns colegas fomos bêbados para as aulas. Experimentei tabaco e fui-lhe tomando o gosto até começar a fumar 1 maço por dia, de momento estou a deixar gradualmente de fumar e com sucesso. Experimentei fumar ganzas e fui mocada para algumas aulas tambem. Perdi a virgindade, talvez seja a unica coisa que hoje não me traz um certo arrependimento, foi com a pessoa que amava e amo. No fundo mudei radicalmente de mentalidade e fiz coisas que nunca pensei fazer, uma vez que sempre fora extremamente ingénua, sempre debaixo das saias da mãe e de uma santidade que metia nojo. Apesar de todas as experiências considero que nunca passei dos limites, nunca sofri consequencias pelos comportamentos rebeldes, disfarçava muito bem ;) fez tudo parte do meu processo de crescimento, e considero que as experiências são normais quando ficam por aí. Por muito que um pai e uma mãe tentem desviar o filho desses caminhos por acharem que nao é vida para ele, mais cedo ou mais tarde terá de passar perto deles caso não entre mesmo, porque no mundo não existem redomas de vidro para meninos de ouro. Todos respiramos do mesmo ar. Estamos todos expostos ao mesmo tipo de circunstâncias à partida que vivamos, e é a nossa consciência e discernimento que ditam que estradas trilhamos.

domingo, 27 de março de 2011

alma nua - esta é a minha história I

Uma vez mais passo a noite em claro. Muito mais que ter o sono trocado derivado à não existência de horários para cumprir, o que me priva do sono é a ausência de paz de espírito que há muito tempo se foi. Esta casa está saturada de um ar irrespirável e extremamente carregado, cada uma destas paredes encerra nela muitas memórias que jamais serão esquecidas. Quantas guerras, quanta violência, quanta mágoa, quanta perdição eu tive de presenciar e viver como sendo tudo meu. Eu, a menina (!), era a causa por um não matar o outro. A menina era a causa para o outro não saír de casa. Sempre fui o papel higiénico que literalmente limpava um desentendimento que jamais teve solução. Um desentendimento que ultrapassava quaisquer limites, e eu acredito que se o meu pai não morresse por força e obra do destino ele mataria a minha mãe. Todas estas ideias pertencem agora ao passado, as ideias! As feridas que foram abertas ainda estão por sarar. Preciso de tempo, muito mais tempo. Foram 18 anos e ainda só passou 1 ano e meio. Não consigo entender em mim própria se acredito ou não no paranormal, mas a verdade é que com a noite vem um verdadeiro terror que eu não consigo eliminar. Dormir de luz acesa, indispensável! Televisão ligada tambem, caso contrário sobressalto-me ao mínimo barulho. No fundo não sei do que tenho medo, a lógica é temer os vivos pois eles podem fazer mal, os mortos nada fazem e sabemos onde os encontrar pois de lá não saiem. A culpa de tudo é da minha consciência, desconheço a sua dimensão! Consigo ser a minha consciência e a de outros. Tenho demasiada consciência contida em mim. Será vocação? Ainda estou para descobrir. A minha consciência sabe que ficaram assuntos por resolver entre mim e ele, situações por perdoar, e que terei de viver com esse peso para sempre. A minha consciência sabe que certas atitudes que tive de tomar foram necessárias para proteger outras pessoas, para evitar tragédias que trariam muito mal a esta casa. A minha consciência sabe que hoje sou demasiado branda e "boazinha" com as pessoas, mas literalmente não sei ser má. De tanta maldade que eu tive de viver hoje simplesmente quero viver de bondade.

Mas à parte disso tenho tanta dor contida em mim que não sei como cabe dentro do meu pequeno corpo. Ok, não cabe... Por vezes transborda pelos olhos, na maior parte das vezes estando em solidão no meu quarto. Mas não consegue transbordar pela boca, a mágoa simplesmente me prende a garganta e ordena que fique em silêncio. Porque a minha voz incomoda os meus próprios ouvidos, o meu próprio cérebro que anseia muito por paz!

Não posso dizer a ninguem como é estar assim porque ninguem viveu comigo para compreender, mas posso dar a ideia de como é: Fui uma criança como tantas outras, lembro-me de ir para a escolinha e não brincar com os outros meninos, porque me isolava. E tambem me lembro de ver a minha mãe levar um murro, caír no chão e ali ficar. Tinha 4 anos, pensei que ela tivesse morrido! Acerquei-me dela e comecei a gritar "mae! mae! fala comigo, nao morras!" e ela lamuriou "a minha cabeça vai rebentar..." . O meu pai agarrou-me ao colo e disse "está na hora de ires para a escolinha, não podes chegar atrasada". Vi a minha mãe levantar-se e passado 10minutos já me tinha esquecido, naquela altura. Mas não me esqueci, é uma memória com 16 anos... ; Vi o meu pai ir em direção à minha mãe com uma faca, sendo pequenina apenas consegui agarrar-me à cintura dele por trás e gritar e chorar baba e ranho para ele parar. No fundo adquiri o medo de mais dia, menos dia ver a minha mãe morrer e deixar-me sozinha. Na escola, eu via os pais e as mães dos meus colegas irem buscá-los de braço dado, de mão dada, tratando-se por "querida" e "querido". A mim ia-me buscar aleatoriamente o pai ou a mãe...e em casa tratavam-se por "puta, cabra" "ordinário, bêbado". Dá para entender como se cresce numa realidade destrutiva? Contudo são pormenores que ignorei até aos 13 anos.

Os 13 anos foram extremamente marcantes no meu processo de crescimento. Tomei uma consciência elevadíssima da realidade do mundo à minha volta, tanto que me apaixonei pelo primeiro rapaz e me comecei a revoltar/manifestar com as situações que aconteciam em casa. A minha mãe julgou-me, disse que eu me estava a refugiar num namoro para fugir aos problemas de casa. Nunca irei perceber tal julgamento nem a sua lógica. A partir daí perdi valor para ela. Ela não queria que eu fosse pelo caminho da "perdição", queria que fosse pura e para sempre pura. Que apenas me concentrasse nos estudos. Mas é impossível fugir quando o corpo e a alma apelam à satisfação das suas necessidades em conjunto e eu sou humana, com essas típicas fraquezas. Pensara ela ter gerado algum ser superior? Não fui mais a sua menina, fui uma montanha de decepções até aos dias de hoje.

É certo que o que sou hoje é em parte resultado do meu crescimento em ambiente destrutivo. Tenho dificuldade em socializar, embora consiga disfarçar e tenha algumas amizades graças a isso. Não me sinto aceite, sinto que ninguem gosta de mim, quero conquistar este mundo e o outro mas sinto as pernas enterradas em cimento que secou. No entanto tenho muito mais para dar ao mundo, e consigo ser muito mais, só preciso de me conseguir libertar! Sinto que a pessoa que eu amo não me compreende e me vai deixar sozinha por isso. Não compreende como me sinto, porque permaneço em silêncio, que quero ter a esperança numa vida nova ao lado dele, e que sobretudo não quero passar pelo que a minha mãe passou. Porque foi com ele que aprendi a amar como uma Mulher ama um Homem e é com ele que eu quero ficar, que eventualmente seja pai dos meus filhos. Só preciso de um bom motivo para sorrir e afastar os meus fantasmas. Não me imagino com outra pessoa. Apesar das nossas diferenças e da sua complexidade não conheço ninguem mais simples bem lá no fundo. A sua simplicidade completa a minha. Podemos ter uma vida simples e pacata porque faz parte da essência de ambos. Só preciso de saír daqui, começar do 0. E dar uma nova opurtunidade à vida.